Aceito quem sou e decidi viver cada dia como se fosse o último da minha existência. Amar o meu próximo e a mim mesma pela bondade do coração e da bem-aventurança da minha alma.
Cresci num Orfanato até os 18 anos, após a morte da minha mãe, tinha 4 anos, anos difíceis, nem sempre fáceis, mas sobrevivi, para o bem ou para o mal. Nesta casa, aprendi a ser uma boa dona de casa, fiz os meus estudos, cresci. Trabalhei muito paralelamente aos meus estudos, aos 9 anos comecei a trabalhar no campo, ao redor do Orfanato. Na colheita das uvas, a pisoteá-las, na colheita de azeitonas, das cerejas, das amêndoas e a cuidar dos porcos.
Tudo isto me fez crescer, mas com muita tristeza dentro em mim, que é de não saber o que é ter uma mãe e crescer com o seu amor e carinho. Aos 18 anos saí desta casa e trabalhei cerca de um ano, na casa de uma Senhora da minha Aldeia. Quando fiz 19 anos, vim para a Suíça através da minha irmã mais velha que eu de 2 anos.
Neste período, comecei a ter alguns sonhos premonitórios, às vezes sabia o motivo destes sonhos, conseguia identificá-los, eles correspondiam-me directamente ou a outra pessoa. Às vezes não conseguia descobrir o porquê e deixava ir.
Por vezes, não sei como, fora desses sonhos, sabia que algo ia acontecer. Aconteceu com a minha irmã mais velha que eu de 2 anos, quando teve a sua primeira filha, eu já sabia antes de ser informada que ela ia dar à luz naquele dia.
Mas na época eu não prestava muita atenção, eu queria viver a minha vida, e ignorava. Por outro lado, perguntava-me: “Como é que eu sei estas coisas ?”
O meu pai faleceu de um cancro, tinha 32 anos. A minha vida mudou, amava muito o meu pai, ele era tudo para mim. Preenchia o lado paterno e materno. Nesta idade, comecei a ver minha mãe, ela vinha até mim. Tive dificuldade em aceitar esta situação, ela deixou me quando eu mais precisava dela, eu simplesmente estava zangada com ela. Com o tempo, mudei de ideia. Entendi que ela deveria partir naquele dia, que era o seu destino de vida. Depois, concordei em falar com ela, e isso me alegrava e me dava uma certa paz. Aconteceu algumas vezes.
Um dia a minha mãe disse me que vinha até mim, para me ajudar a seguir em frente na minha vida. A minha pequena criança interior se alegrou, tinha finalmente encontrado a minha mãe.
Sempre que precisava de conselhos, entrava em contacto com ela. Ou então era ela que me procurava para me confortar nos meus dias de tristeza e me dizer que tudo ia ficar bem e pelo melhor, dar certo. Eu vivi fases ruins, problemas de saúde, operações a enfrentar, obstáculos a superar, mágoas. A minha vida era como uma peça de teatro, que eu dançava com a ajuda da minha mãe o melhor que podia.
No entanto, e apesar das fases difíceis que superei, o meu coração esteve sempre aberto a ajudar os outros, a dar amor. A compartilhar o melhor de mim. Ajudar os outros, prestando o meu ouvido atento, ajudando com gestos simples no dia a dia, isto me dava e dá um benefício bom que me alegra com alegria.. Sentia-me bem comigo mesmo, por este simples ato de benevolência para com o outro.
Continuo a dança, na minha vida de agora. Eu acho que é importante brincar um pouco com alegria e sentido de humor no seu dia a dia e seguir o fluxo da sua vida, não levar os eventos que se oferecem a nós muito a sério.
Cada vez que estava com o moral em baixo, sentia uma força dentro de mim [….] que me empurrava para me levantar e continuar a viver a minha vida. A fé por dias melhores me dava esperança e iluminava o meu ser. Ainda no presente, no aqui e agora, isto é a minha força, levantar e seguir em frente, o que me permite de avançar na minha vida e de ser quem eu sou.
O ano de 2020 foi um ano de revelação para mim. A minha vida deu uma reviravolta, tive que me segurar para seguir a corrente das mudanças que se apresentaram e criaram em mim. Forças das trevas, tomaram posse do meu ser. Contactei pessoas de bom coração para me ajudarem a sair do buraco, no qual eu estava contra a minha vontade. Comecei a me aproximar ainda mais da Virgem Maria e de Jésus, rezei mais do que o costume. A Virgem Maria conduziu me até o seu filho Jésus. Iluminou o meu caminho, liderou os meus passos e protegeu-me.
A minha mãe nunca me abandonou, de lá onde está, ela sempre fez o possível para me ajudar a levantar e a avançar no meu caminho de vida.
Depois de receber o sacramento da reconciliação, durante um retiro espiritual, ser iniciada através dum ritual para me ligar a Jésus, Jésus assumiu o lugar da minha mãe e guiou me passo a passo no meu despertar para a minha vida.
Jésus foi buscar-me na escuridão onde eu estava, deu-me a mão, trouxe me à superfície e acolheu-me na sua casa, no Universo. Com Jésus, e na Sua presença durante as minhas orações, fiz viagens de perdão no meu passado, nas minhas vidas anteriores, para me libertar do meu Karma.
Vivi momentos muito difíceis e dolorosos de libertação e de purificação. Onde sobrevivi novamente aos momentos difíceis da minha vida de outrora, e do meu passado próximo, para melhor me libertar. Dores de cabeça terríveis, dias de cansaço extremo, passava dias deitada, o meu corpo estava exausto, sem forças para reagir e sem vontade de fazer nada. Dias em que eu queria chorar, outros cantar, dançar, simplesmente seguia o fluxo dos acontecimentos. Sempre aceitei o que estava acontecendo, mesmo que às vezes não fosse óbvio. De aceitar. A fé que sempre me acompanhou ao longo da minha existência, deu-me a força e a coragem para viver este período ao melhor de mim.
Jésus, deu-me os meus dons das minhas vidas passadas, um tanto esquecidos dentro de mim, trouxe-os à superfície e os fortaleceu, ensinou-me dos seus ensinamentos. Com Jésus, aprendi a usá-los e a utilisá-los da melhor maneira possível, para cumprir a missão da minha alma e Servi-lo nesta vida, no aqui e agora.
Jésus escolheu me para ser um ser de luz ao Seu serviço e para compartilhar a Sua luz ao meu redor e com todos, esta é a minha missão de vida e da minha alma.
Fernanda Gomes
